Lin casara-se e podia se dizer feliz, se não fosse um pequeno detalhe: sua sogra.
Lin amava seu marido mas não desejava aquela sogra. Especialmente porque, conforme a velha tradição chinesa, a nora deve servir a sogra.
Os meses foram se passando e o que, de início, era um desconforto, um mal-estar, foi se transformando em um terrível sentimento.
Lin odiava sua sogra e não podia conceber ter que servi-la ano após ano, na soma cadenciada dos dias.
Por isso, ela procurou um velho sábio e lhe disse que precisava de ajuda, precisava se livrar da sua sogra.
O sábio a escutou, com paciência. Depois, providenciou algumas ervas e as entregou à jovem esposa.
Essas ervas – explicou – são venenosas. Elas devem ser deixadas em infusão e servidas, uma vez ao dia, todos os dias.
E o que acontecerá? – perguntou ansiosa a consulente.
Ora, ao cabo de seis meses, sua sogra morrerá. No entanto, muito cuidado deve ser tomado a fim de que as desconfianças a respeito da morte não venham a cair sobre você.
Por isso, trate muito bem a sua sogra e quando ela morrer, chore bastante.
A jovem foi para casa feliz e, no dia imediato, começou a servir o chá com aquelas ervas para a sogra. Conforme fora orientada, começou a tratá-la muito bem.
Os dias foram passando e três meses depois, Lin se deu conta que a sogra estava diferente.
Ela não era mais tão complicada, nem chata, nem arrogante.
Quando estavam para se completar os seis meses, um grande pavor tomou conta de Lin.
Ela não queria que a sogra morresse. Afinal, se transformara numa mãe para ela.
Lin correu ao sábio. Contou o que acontecera e do seu arrependimento.
Novamente, o sábio a escutou, com calma e lhe disse que, em verdade, não fora a sogra que mudara, mas ela mesma.
Ao se casar, ela olhava a sogra como uma rival, alguém a quem seu marido pertencera e continuava pertencendo.
Tomara-se de raiva por ter que servi-la e passou a projetar nela o ódio que a si própria consumia.
Mas, a partir do momento que decidira tratá-la bem, tudo isso se evaporara.
No entanto, o que fazer agora? Ela envenenara a mãe de seu marido, ao longo daqueles meses.
O ancião a sossegou: Não eram ervas venenosas, ao contrário, de poder vitamínico. Pode continuar a servi-las no chá.
E a nora, tranquila, retornou ao seu lar, para prosseguir a viver em paz, usufruindo do amor daquela que se transformara em mãe atenciosa.
***
Nada mais destrutivo, para si e para os que a cercam, do que o ódio que a criatura conserva e alimenta no coração.
Por isso, Francisco de Assis, compreendendo esse campo psíquico de tormenta e de loucura, firmava-se na proposta do amor.
E dizia: Onde houver ódio, consenti que eu semeie amor.
Pensemos nisso e semeemos o bem imbatível e o inefável amor, que falam da presença de Deus no mundo. E sejamos felizes, desde agora.
- Redação do Momento Espírita, com base em palestra do orador espírita Divaldo Pereira Franco -
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