Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acbou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego
(Ilustração: Muro de Berlim)
Um comentário:
OLÁ MÁRCIA,
e não podemos parar de construir, sejam pontes materias ou as ilusões subjetivas;
sejam as estradas reais ou simplesmente nossos caminhos afetivos.
Enfim, Márcia,construir é fazer o que de melhor pudermos para garantir a estabilidade das nossas vidas.
No entanto , que estas construções tenham sempre uma base sólida!
Um abração carioca.
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