† PAI NOSSO QUE ESTAIS NOS CÉUS, SANTIFICADO SEJA O VOSSO NOME. Cremos em vós, Senhor, porque tudo revela o vosso poder e a vossa bondade. A harmonia do universo dá testemunho de sabedoria, prudência e previdência que ultrapasse todas as faculdades humanas. O nome de um ser soberanamente grande e sábio se acha inscrito em todas as obras da criação - desde a folhinha do arbusto até um pequeno inseto; até os astros que se movem no espaço. Por toda a parte, vemos a prova de uma solicitude paternal. Cego é, pois, aquele que não vos glorifica em vossas obras; ingrato aquele que não vos rende ações de graças.
† VENHA A NÓS O VOSSO REINO. Senhor, destes aos homens leis cheias de sabedoria que os fariam felizes se eles as observassem. Obedecendo a essas leis, fariam reinar entre si a paz e a justiça, auxiliar-se-iam mutuamente em vez de se hostilizarem como o fazem. O forte sustentaria o fraco em vez de o esmagar. Todos evitariam os males que se originam dos abusos e dos excessos de toda a ordem. Todas as misérias deste mundo provêm da violação das vossas leis. Porquanto, nenhuma dessas violações deixa de ter conseqüências fatais.
Destes ao bruto o instinto que lhe traça os limites do necessário e ele maquinalmente se conforma. Ao homem, porém, além desse instinto, destes a liberdade de observar ou infringir aquelas de vossas leis que pessoalmente lhes dizem respeito, isto é, a liberdade de escolher entre o bem e o mal, a fim de que lhe pertençam o mérito e a responsabilidade de suas ações.
Ninguém poderá protestar a ignorância de vossas leis, pois que, com a vossa paternal previdência, quisestes que na consciência de cada um, sem distinção de culto nem de nações, ficassem elas gravadas. Desconhecem-vos aqueles que as violam.
Dia virá, entretanto, conforme prometestes, que todos as praticarão. Então, a incredulidade terá desaparecido. Todos vos reconhecerão soberano senhor de todas as coisas e o reinado das vossas leis estará implantado na terra.
Dignai-vos, Senhor, apressar-lhe o advento, dando aos homens a luz que os guie no caminho da verdade.
† FAÇA-SE A VOSSA VONTADE ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU. Se a submissão é um dever do filho para com o pai, do inferior para com o superior, quão maior não deverá ser a da criatura para com o seu criador? Fazermos a vontade, senhor, é obedecer as vossas leis, é submeter-se sem murmurar aos vossos decretos divinos. O homem se lhe submeterá quando compreender que sois a fonte de toda sabedoria e quem sem vós, ele nada pode. Fará então a vossa vontade na terra como os eleitos a fazem no céu.
† DAI-NOS O PÃO DE CADA DIA. Dai-nos o alimento que mantêm as forças do nosso corpo. Dai-nos também o alimento espiritual para o desenvolvimento do nosso espírito.
O bruto encontra nas pastagens com que se alimentar. O homem, porém, tem que adquirir com a sua atividade, com os recursos da sua inteligência, o alimento necessário (por isso que o criastes livre).
Assim é que lhe dissestes: "tirarás da terra o teu alimento com o suor do teu rosto". Por esta forma, lhe fizestes do trabalho uma obrigação, a fim de que ele exercitasse a inteligência, procurando meios de prover as suas necessidades e ao seu bem-estar, uns por meio do trabalho material, outros pelo trabalho intelectual. Sem ter que trabalhar, permaneceria estacionário e não poderia aspirar a felicidade dos espíritos superiores.
Auxiliais o de boa vontade que em vós confia para obter aquilo de que necessita, mas não auxiliais aquele que se compraz na ociosidade, desejando tudo alcançar sem trabalho, como também não auxiliais o que busca o supérfluo. Quantos sucumbem por sua própria culpa por meio da incúria, da imprevidência, da ambição e por não terem querido contentar-se com o que lhes haveis dado? Esses são os obreiros do seu próprio infortúnio, e não têm o direito de se queixar, porquanto se vêem punidos daquilo mesmo que lhes foi causa de pecar (mas nem sequer a esses abandonais, porque sois infinitamente misericordioso).
† PERDOAI AS NOSSAS DÍVIDAS COMO PERDOAMOS AOS QUE NOS DEVEM; PERDOAI AS NOSSAS OFENSAS COMO PERDOAMOS AOS QUE NOS HAJAM OFENDIDO. Toda vez que infringimos as vossas leis, Senhor, uma ofensa vos fazemos. Contraímos uma dívida que cedo ou tarde teremos de saldar. À vossa infinita misericórdia rogamos que a perdoe, sob a promessa de empregarmos esforços por não contrair novas dívidas.
Da caridade fizestes para nós uma lei expressa, mas a caridade não consiste apenas em socorrer nossos semelhantes nas suas necessidades. Consiste também no esquecimento e no perdão das ofensas. Com que direito reclamaríamos a vossa indulgência, se não soubéssemos ser indulgentes com aqueles de quem temos queixas?
Dai-nos, ó Deus, ó Pai Poderoso, força para abafar em nossa alma todo o ressentimento, todo o ódio, todo o rancor.
† NÃO NOS DEIXEIS ENTREGUES À TENTAÇÃO, MAS LIVRAI-NOS DO MAL. Dai-nos, Senhor, força para resistir às sugestões dos maus que tentam desviar-nos do caminho do bem. Senhor, amparai-nos em nossas fraquezas, inspirai-nos por intermédio dos anjos da guarda, o desejo de nos corrigirmos das nossas imperfeições a fim de que sejamos dignos do vosso amor.
† ASSIM SEJA. Permiti, senhor, que os nossos desejos se realizem. Inclinamo-nos, porém, diante da vossa sabedoria infinita. Em tudo que não nos é dado compreender, cumpra-se a vossa vontade e não a nossa, pois que só quereis o nosso bem e melhor do que nós sabeis o que nos é útil .
Senhor, a Vós dirigimos esta prece por nós mesmos e também por todas as almas sofredoras, pelos nossos amigos e inimigos, por todos os que solicitam a nossa assistência e por todos imploramos a vossa misericórdia e a vossa benção.
(FONTE: KARDEC, Allan – “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Capítulo XXVIII)
Ilustração: Aurora boreal
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