sábado, 16 de maio de 2009

Talvez

Talvez eu venha a envelhecer

rápido demais.

Mas lutarei para que cada dia

tenha valido a pena.

 

Talvez eu sofra inúmeras desilusões

no decorrer de minha vida.

Mas farei que elas percam a importância

diante dos gestos de amor que encontrei.

 

Talvez eu não tenha forças

para realizar todos os meus ideais.

Mas jamais irei me considerar um derrotado.

 

Talvez em algum instante

eu sofra uma terrível queda.

Mas não ficarei por muito tempo

olhando para o chão.

 

Talvez um dia o sol deixe de brilhar.

Mas então irei me banhar na chuva.

 

Talvez um dia eu sofra alguma injustiça.

Mas jamais irei assumir o papel de vítima.

 

Talvez eu tenha que enfrentar alguns inimigos.

Mas terei humildade para aceitar as mãos

que se estenderão em minha direção.

 

Talvez numa dessas noites frias,

eu derrame muitas lágrimas.

Mas não terei vergonha por esse gesto.

 

Talvez eu seja enganado inúmeras vezes.

Mas não deixarei de acreditar

que em algum lugar

alguém merece a minha confiança.

 

Talvez com o tempo

eu perceba que cometi grandes erros.

Mas não desistirei de continuar trilhando

meu caminho.

 

Talvez com o decorrer dos anos

eu perca grandes amizades.

Mas irei aprender que aqueles que

realmente são meus verdadeiros amigos

nunca estarão perdidos.

 

Talvez algumas pessoas queiram o meu mal.

Mas irei continuar plantando a semente

da fraternidade por onde passar.

 

Talvez eu fique triste ao concluir que

não consigo seguir o ritmo da música.

Mas então, farei que a música siga

o compasso dos meus passos.

 

Talvez eu nunca consiga enxergar

um arco-íris. 

Mas aprenderei a desenhar um,

nem que seja dentro do meu coração.

 

Talvez hoje eu me sinta fraco.

Mas amanhã irei recomeçar, nem que

seja de uma maneira diferente.

 

Talvez eu não aprenda todas

as lições necessárias.

Mas terei a consciência que

os verdadeiros ensinamentos

já estão gravados em minha alma.

 

Talvez eu me deprima por não ser

capaz de saber a letra daquela música.

Mas ficarei feliz com as outras

capacidades que possuo.

 

Talvez eu não tenha motivos

para grandes comemorações.

Mas não deixarei de me alegrar

com as pequenas conquistas.

 

Talvez a vontade de abandonar tudo

torne-se a minha companheira.

Mas ao invés de fugir,

irei correr atrás do que almejo.

 

Talvez eu não seja exatamente

quem gostaria de ser.

Mas passarei a admirar quem sou.

 

Porque no final saberei que,

mesmo com incontáveis dúvidas,

eu sou capaz de construir

uma vida melhor.

 

E se ainda não me convenci disso,

é porque como diz aquele ditado:

“ainda não chegou o fim”

 

Porque no final não haverá

nenhum “talvez” e sim a certeza

de que a minha vida valeu a pena

e eu fiz o melhor que podia.

 

- autor desconhecido –

 

(Ilustração: BOUGUEREAU, Adolphe William – “L’aurore” – deusa Éos ou Aurora, o amanhecer, irmã de Apolo e Ártemis)

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