Perguntais-me como me tornei louco. Aconteceu assim:
Um dia, muito tempo antes de muitos deuses terem nascido,
despertei de um sono profundo e notei que
todas as minhas máscaras tinham sido roubadas –
as sete máscaras que eu havia confeccionado e usado em sete vidas –
e corri sem máscara pelas ruas cheias de gente, gritando:
"Ladrões, ladrões, malditos ladrões!"
Homens e mulheres riram de mim
e alguns correram para casa, com medo de mim
E quando cheguei à praça do mercado,
um garoto trepado no telhado de uma casa gritou: "É um louco!"
Olhei para cima, pra vê-lo.
O sol beijou pela primeira vez minha face nua.
Pela primeira vez, o sol beijava minha face nua,
e minha alma inflamou-se de amor pelo sol,
e não desejei mais minhas máscaras.
E, como num transe, gritei:
"Benditos, bendito os ladrões que roubaram minhas máscaras!"
Assim me tornei louco.
E encontrei tanto liberdade como segurança em minha loucura:
a liberdade e a segurança de não ser compreendido,
pois aquele desigual que nos compreende escraviza alguma coisa em nós.
- Gibran Kahlil Gibran –
(Ilustração: Johnny Depp as Mad Hatter - “Alice in Wonderland”)
Um dia, muito tempo antes de muitos deuses terem nascido,
despertei de um sono profundo e notei que
todas as minhas máscaras tinham sido roubadas –
as sete máscaras que eu havia confeccionado e usado em sete vidas –
e corri sem máscara pelas ruas cheias de gente, gritando:
"Ladrões, ladrões, malditos ladrões!"
Homens e mulheres riram de mim
e alguns correram para casa, com medo de mim
E quando cheguei à praça do mercado,
um garoto trepado no telhado de uma casa gritou: "É um louco!"
Olhei para cima, pra vê-lo.
O sol beijou pela primeira vez minha face nua.
Pela primeira vez, o sol beijava minha face nua,
e minha alma inflamou-se de amor pelo sol,
e não desejei mais minhas máscaras.
E, como num transe, gritei:
"Benditos, bendito os ladrões que roubaram minhas máscaras!"
Assim me tornei louco.
E encontrei tanto liberdade como segurança em minha loucura:
a liberdade e a segurança de não ser compreendido,
pois aquele desigual que nos compreende escraviza alguma coisa em nós.
- Gibran Kahlil Gibran –
(Ilustração: Johnny Depp as Mad Hatter - “Alice in Wonderland”)
2 comentários:
Ela me pediu desesperadamente !!
Enfim ... O ruim é aceitar que se é louco , depois disso feito , nada mais provoca espanto !!
Somos todos loucos !!
Adorei isso!!!!
Me identifico muito com a tal loucura!!!
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