Quando a morte passar
Não a verás jamais então
Te escondi, acobertei, protegi
Peguei-te pela mão
Se ela te sorriu
A encobri com meu sorriso
Se ela te quis, foi infeliz
Fui mais preciso
Insistente, inconseqüente
Desafiei-a a morte
A própria morte não resiste a flor
A beleza do bem de quem quer bem
Sempre farei a morte passar
Com sua falta de fé, seu imediatismo, desespero... dor
Se estás comigo a morte não vence
Pois a morte não vence ao amor
Você não viu a sua face doentia
Apenas uma presença ruim
Empurrei, afastei, fiz o que eu queria
Quis que ela levasse a mim
A morte passou
A morte da alma
Não deixei que te abraçasse
Se me pertences, é minha
Longe de ti sim, não sozinha
Amenizei antes que acabasse
Penso estar machucado
Implacável morte que a tudo quer levar consigo
Salvo aqueles que resistem
Aqueles que insistem
Amam e protegem
Para esses nada está acabado
Quando acordares, não terá sentido nada
Apenas acarinhada
E me verá ao teu lado
As feridas doem, desses golpes em que se é alvo
Passa a morte, passa a dor, abro-te meu sorriso
Estás a salvo...
Quando a morte passar
Não verás a ventania
Talvez nem verá que te consolo
Nem tampouco verás a tempestade
Apenas dormirá segura
Como sempre quis... em meu colo...
- FABRICIO MARCHI -
(Ilustração: GIANCOLA, Donato - "Lancelot and Guinevere")
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