domingo, 28 de fevereiro de 2010

Feitiço da Amizade

Em época de bruxas, feitiços são feitos.
Tenho de confessar: adoro fazer uma feitiçaria!
Então tenho de avisar que fiz uma para você.

Usei pó de estrelas, gotas de orvalho,
Um raio de luar e algumas colheradas de carinho.
Coloquei tudo para ferver no meu enorme caldeirão.
Depois lentamente agreguei um sorriso meu,
juntei essência de flores do campo e algumas letrinhas,
roubadas claro, de uma antiga poesia.

Misturei tudo lentamente
e por fim coloquei dois ingredientes mágicos:
uma porção de amor e duas doses enormes de amizade.
A poção ficou pronta.

Levei até você numa nuvem de sonho
e derramei no seu coração.
Ah... Enfeiticei você!
Sua amizade será minha para sempre.

Em tempo: Não existe antídoto para essa magia!

domingo, 14 de fevereiro de 2010

O Inimigo Externo

O leitor Murali, um indiano, conta a história de uma garota, que resolveu subir até o alto de uma montanha para visitar sua avó. Chovia a cântaros, o vento frio soprava, e trovões pipocavam a cada segundo.

Quando já estava quase chegando ao seu destino, sentiu algo roçando seus pés. Ao olhar para baixo, viu que era uma cobra.

- Eu estou quase morrendo - disse a serpente. – Está muito frio não há comida nesta montanha, por favor, me proteja! Coloque-me debaixo do seu casaco, salve minha vida, e eu serei sua melhor amiga.

Apesar da tempestade, a menina parou e começou a refletir. Olhou a pele dourada e verde da serpente, e disse para si mesmo que jamais tinha visto algo tão belo. Pensou o quanto deixaria com inveja os seus amigos de classe, ao aparecer com uma cobra que a defenderia de tudo. Finalmente disse:

- Está bem. Eu vou salvá-la, porque todos os seres vivos merecem carinho.

A cobra ficou amiga da menina, serviu para assustar as pessoas agressivas no colégio, fez companhia nos dias solitários. Até que uma noite, quando ela estava fazendo suas lições de casa, sentiu uma dor aguda no pé direito. Ao olhar para baixo, viu que a cobra a havia mordido.

- você é venenosa! – gritou. – Vou morrer logo!

A cobra não disse nada.

- Como você fez isso comigo? Eu salvei sua vida!

- Aquele dia, quando você se abaixou para me salvar, sabia que eu era uma cobra, não sabia?

E, lentamente, rastejou para fora.

- COELHO, Paulo – “Warrior of the Light” –

(Ilustração : Philodryas olfersii)

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Era Uma Vez um Vento...

Era uma vez um Vento
que perguntou ao Tempo
qual o segredo de se Amar a cada momento.
O Tempo disse que o segredo estava
na Alegria de cada dia porque sem ela a tristeza reinaria.
O Vento foi atrás da Alegria
pra saber do segredo que a irradia.
Alegria disse que a Bondade lhe acompanhava
porque ela sempre refletia .
O Vento foi até a Bondade pra saber qual era a verdade.
A Bondade disse que a Compaixão a guiava
e era a única que a libertava.
O Vento correu até a Compaixão
pra saber de onde vinha tal dedicação.
A Compaixão disse que o segredo está no Coração
porque sem ele ficamos até sem respiração.
Então o Vento foi até o Coração
pra chegar ao fundo de sua emoção...
Descobrindo que do Coração saía
o Sentimento de se Amar a cada momento!

A Sabedoria Do Samurai

Conta-se que, perto de Tóquio, capital da Japão, vivia um grande samurai.
Já muito idoso, ele agora se dedicava a ensinar o zen aos jovens. Apesar de sua idade, corria a lenda de que ainda era capaz de derrotar qualquer adversário.
Certa tarde, apareceu por ali um jovem guerreiro, conhecido por sua total falta de escrúpulos. Era famoso por usar a técnica da provocação.
Utilizando-se de suas habilidades para provocar, esperava que seu adversário fizesse o primeiro movimento e, dotado de inteligência e agilidade, contra-atacava com velocidade fulminante.
O jovem e impaciente guerreiro jamais havia perdido uma luta.
Assim que soube da reputação do velho samurai, propôs-se a não sair dali sem antes derrotá-lo e aumentar sua fama.
Todos os discípulos do samurai se manifestaram contra a idéia, mas o velho aceitou o desafio.
Foram todos para a praça da pequena cidade e diante dos olhares espantados, o jovem guerreiro começou a insultar o velho mestre.
Chutou algumas pedras em sua direção, cuspiu em seu rosto, gritou todos os insultos conhecidos, ofendendo inclusive seus ancestrais.
Durante horas fez tudo para provocá-lo, mas o velho permaneceu sereno e impassível.
No final da tarde, sentindo-se exausto e humilhado, o impetuoso guerreiro retirou-se.
Desapontados pelo fato de o mestre ter aceitado calado tantos insultos e provocações, os alunos perguntaram:
Como o senhor pôde suportar tanta indignidade?
Por que não usou sua espada, mesmo sabendo que podia perder a luta, ao invés de mostrar-se covarde diante de todos nós?
O sábio ancião olhou calmamente para os alunos e, fixando o olhar num deles lhe perguntou:
Se alguém chega até você com um presente e lhe oferece mas você não o aceita, com quem fica o presente?
Com quem tentou entregá-lo, respondeu o discípulo.
Pois bem, o mesmo vale para qualquer outro tipo de provocação e também para a inveja, a raiva, e os insultos, disse o mestre.
Quando não são aceitos, continuam pertencendo a quem os carregava consigo.
Por essa razão, a sua paz interior depende exclusivamente de você. As pessoas não podem lhe tirar a calma, se você não o permitir.

***

Sempre que alguém tentar tirar você do sério, lembre-se da sábia lição do velho samurai.
Lembre-se, ainda, que seus atos lhe pertencem. Só você é responsável pelo que pensa, sente ou faz.
Só você, e mais ninguém, pode permitir que alguém lhe roube a paz ou perturbe a sua tranqüilidade.
Foi por essa razão que Jesus afirmou que só lobos caem em armadilhas para lobos.
Assim, aceitar provocações ou deixar que fiquem com quem nos oferece, é uma decisão que cabe exclusivamente a cada um de nós.
Pensemos nisso!

- Redação do Momento Espírita com base em texto de autor desconhecido. -

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Eu nunca fui uma moça bem-comportada.

Pudera, nunca tive vocação pra alegria tímida,

pra paixão sem orgasmos múltiplos

ou pro amor mal resolvido sem soluços.

Eu quero da vida o que ela tem de cru e de belo.

Sou intensa, transitória e tenho uma alegria em mim

que quase me deixa exausta.

Eu sei sorrir com os olhos e gargalhar com o corpo todo.

Eu sei chorar toda encolhida abraçando as pernas.

Por isso, não me venha com meios-termos,

com mais ou menos ou qualquer coisa.

Venha a mim com corpo, alma, vísceras, tripas e falta de ar...

Eu acredito é em suspiros,

mãos massageando o peito ofegante de saudades intermináveis,

em alegrias explosivas, em olhares faiscantes,

em sorrisos com os olhos, em abraços que trazem pra vida da gente.

Acredito em coisas sinceramente compartilhadas.

Em gente que fala tocando no outro, de alguma forma,

no toque mesmo, na voz, ou no conteúdo.

Eu acredito em profundidades.

E tenho medo de altura, mas não evito meus abismos.

São eles que me dão a dimensão do que sou.

- Maria de Queiroz -