terça-feira, 16 de novembro de 2010

Remorso

O remorso crônico, e com isto todos os moralistas estão de acordo, é um sentimento bastante indesejável.

Se considerais ter agido mal, arrependei-vos, corrigi os vossos erros na medida do possível e tentai conduzir-vos melhor na próxima vez.

E não vos entregueis, sob nenhum pretexto, à meditação melancólica das vossas faltas. Rebolar no lodo não é, com certeza, a melhor maneira de alguém se lavar.

- HUXLEY, Aldous – “Brave New World

(Ilustração: BOUGUEREAU, William-Adolphe – “O remorso de Orestes”)

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Maria Bethânia - Fera Ferida

Acabei com tudo

Escapei com vida

Tive as roupas e os sonhos rasgados na minha saída

Mas saí ferido

Sufocando o meu gemido

Fui o alvo perfeito

Muitas vezes no peito atingido

Animal arisco

Domesticado esquece o risco

Me deixei enganar e até me levar por você

Eu sei quanta tristeza eu tive

Mas mesmo assim se vive

Morrendo aos poucos por amor

Eu sei

O coração perdoa

Mas não esquece à toa

O que eu não me esqueci

Eu andei demais

Não olhei pra trás

Era solta em meus passos

Bicho livre sem rumo sem laços

Me senti sozinha

Tropeçando em meu caminho

À procura de abrigo

Uma ajuda um lugar um amigo

Animal ferido

Por instinto decidido

Os meus passos desfiz

Tentativa infeliz de esquecer.

Eu sei que flores existiram

Mas que não resistiram à vendavais constantes

Eu sei

As cicatrizes falam

Mas as palavras calam

O que eu não me esqueci

Não vou mudar

Esse caso não tem solução

Sou fera ferida

No corpo na alma e no coração

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Roberta Campos & Nando Reis - De Janeiro A Janeiro

Não consigo olhar no fundo dos seus olhos

E enxergar as coisas que me deixam no ar, me deixam no ar

As várias fases, estações que me levam com o vento

E o pensamento bem devagar

Outra vez, eu tive que fugir

Eu tive que correr, pra não me entregar

As loucuras que me levam até você

Me fazem esquecer, que eu não posso chorar

Olhe bem no fundo dos meus olhos

E sinta a emoção que nascerá quando você me olhar

O universo conspira a nosso favor

A conseqüência do destino é o amor, pra sempre vou te amar

Mas talvez, você não entenda

Essa coisa de fazer o mundo acreditar

Que meu amor, não será passageiro

Te amarei de janeiro a janeiro

Até o mundo acabar