quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Tom Jobim - Sei Lá

Tem dias que eu fico pensando na vida 
E sinceramente não vejo saída. 
Como é, por exemplo, que dá pra entender: 
A gente mal nasce, começa a morrer.

Depois da chegada vem sempre a partida,
Porque não há nada sem separação. 
Sei lá, sei lá, a vida é uma grande ilusão. 
Sei lá, sei lá, só sei que ela está com a razão.

A gente nem sabe que males se apronta.
Fazendo de conta, fingindo esquecer 
Que nada renasce antes que se acabe, 
E o sol que desponta tem que anoitecer.

De nada adianta ficar-se de fora. 
A hora do sim é o descuido do não. 
Sei lá, sei lá, só sei que é preciso paixão. 
Sei lá, sei lá, a vida tem sempre razão.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Chico Buarque - Eu Te Amo

Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir

Ah, se ao te conhecer
Dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir

Se nós nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir

Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu

Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu

Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios ainda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair

Não, acho que estás te fazendo de tonta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir

Chico Buarque - Gota d'Água

Já lhe dei meu corpo
Minha alegria
Já estanquei meu sangue
Quando fervia
Olha a voz que me resta
Olha a veia que salta
Olha a gota que falta
Pro desfecho da festa
Por favor...
Deixe em paz meu coração
Que ele é um pote até aqui de mágoa
E qualquer desatenção, faça não
Pode ser a gota d'água...
A vida é assim:

Esquenta e esfria,

Aperta e daí afrouxa,

Sossega e depois desinquieta.

O que ela quer da gente é coragem.

- Guimarães Rosa -

Minha alma é um bolso onde guardo minhas memórias vivas.

Memórias vivas são aquelas que continuam presentes no corpo.

Uma vez lembradas, o corpo ri, chora, comove-se, dança.

- Adélia Prado -

quarta-feira, 31 de julho de 2013

O Rei Poderoso

Um rei muito poderoso havia acabado de vencer uma batalha muito importante, e havia expandido muito seu reino. Ele era agora, provavelmente, o monarca com o maior exército do mundo. Seu poder era vasto e bem difícil de ser derrotado.

Crendo que seu poder havia atingido o auge, resolveu procurar um sábio que, diziam, era um homem inigualável. Viajou alguns dias com a guarda real, chegando finalmente a um pequeno vilarejo onde o sábio morava. O rei desceu do seu cavalo, foi falar diretamente com este homem que muitos consideravam um santo. Assim que encontrou o sábio, disse: 

- Você deve ser o sábio homem que mora nestas paragens. Sou o rei de todas estas terras, e acabei de conquistar muitos outros reinos. Meu exército é o maior do mundo e nunca foi derrotado. Tenho o poder total sobre qualquer pessoa, e bastando apenas uma ordem minha, posso tudo destruir. Gostaria de saber de tu, ó venerável, se há algo que não esteja dentro do meu poder. Quero saber a verdade que tens a me dizer, seja ela qual for.

O sábio olhou para o rei e falou:

- Está bem. Observe aquelas duas pessoas próximas ao estábulo, uma a direita e outra a esquerda. São duas pessoas que se amam, mas que tiveram uma briga muito grave recentemente. Vá até eles, sem mencionar que é o rei, e tente conciliar ambos.

O rei foi conversar com eles, falou, argumentou, insistiu bastante, mas não obteve qualquer tipo de resposta positiva. Voltou ao sábio e confessou que não conseguira conciliar o antigo casal.

- Espere um pouco, disse o sábio.

O sábio dirigiu-se até eles, conversou tranquilamente com ambos, e pouco mais de meia hora depois, o homem e a mulher se abraçaram e se perdoaram das brigas que os mantinha separados.

O sábio voltou e disse ao rei:

- O verdadeiro poder de um homem não está em destruir, em separar, mas em conseguir unir as pessoas em torno de algo em comum. E o que mais nos une são o amor e a sabedoria. Este é o maior poder que alguém pode alcançar em relação a outras pessoas.


Autor: Hugo Lapa

segunda-feira, 14 de maio de 2012

A Lenda do Vagalume


Conta a lenda que uma vez uma serpente começou a perseguir um vagalume. 
Este fugia rápido da feroz predadora, e a serpente não desistia. 
Primeiro dia, ela o seguia. Segundo dia, ela o seguia... No terceiro dia, já sem forças, o vagalume parou e falou à serpente: 
- Posso te fazer três perguntas? 
- Não estou acostumada a dar este precedente a ninguém, porém, como vou te devorar, podes perguntar, contestou a serpente. 
- Pertenço a tua cadeia alimentícia? Perguntou o Vagalume. 
- Não, respondeu a serpente. 
- Eu te fiz algum mal? Diz o vagalume. 
- Não. Tornou a responder a serpente. 
- Então por que queres acabar comigo? 
- Porque não suporto te ver brilhar. 

quarta-feira, 9 de maio de 2012

O Guardador de Rebanhos


O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...

Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia; tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...

Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...

(Alberto Caiero)

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Metade - Oswaldo Montenegro


Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito 
Não me tape os ouvidos e a boca 
Porque metade de mim é o que eu grito 
Mas a outra metade é silêncio
Que a música que ouço ao longe 
Seja linda ainda que tristeza 
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada 
Mesmo que distante 
Porque metade de mim é partida 
Mas a outra metade é saudade
Que as palavras que eu falo 
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor 
Apenas respeitadas 
Como a única coisa que resta 
A um homem inundado de sentimentos 
Porque metade de mim é o que ouço 
Mas a outra metade é o que calo
Que essa minha vontade de ir embora 
Se transforme na calma e na paz que eu mereço 
Que essa tensão que me corrói por dentro 
Seja um dia recompensada 
Porque metade de mim é o que eu penso, 
mas a outra metade é um vulcão
Que o medo da solidão se afaste,
e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso 
Que eu me lembro ter dado na infância 
Por que metade de mim é a lembrança do que fui 
A outra metade eu não sei
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria 
Pra me fazer aquietar o espírito 
E que o teu silêncio me fale cada vez mais 
Porque metade de mim é abrigo 
Mas a outra metade é cansaço
Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção
E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também 

domingo, 15 de janeiro de 2012

Quem não te procura, não sente sua falta.

Quem não sente sua falta, não te ama.

O destino determina quem entra na sua vida, mas você decide quem fica nela.

A verdade dói só uma vez. A mentira dói cada vez que você lembra.

Então, valorize quem valoriza você e não trate como prioridade quem te trata como opção!