sábado, 19 de julho de 2008

Oyá inventa o ritual funerário do axexê

Vivia em terras de Keto um caçador chamado Odulecê.
Era o líder de todos os caçadores.
Ele tomou por sua filha uma menina nascida em Irá, que por seus modos espertos e ligeiros era conhecida por Oyá.
Oiá tornou-se logo a predileta do velho caçador, conquistando um lugar de destaque naquele povo.
Mas um dia a morte levou Odulecê, deixando Oyá muito triste.
A jovem pensou numa forma de homenagear o seu pai adotivo.
Reuniu todos os instrumentos de caça de Odulecê e enrolou-os num pano.
Também preparou todas as iguarias que ele tanto gostava de saborear.
Dançou e cantou por sete dias, espalhando por toda parte, com seu vento, o seu canto, fazendo com que se reunissem no local todos os caçadores da terra.
Na sétima noite, acompanhada dos caçadores, Oyá embrenhou-se mata adentro e depositou ao pé de uma árvore sagrada os pertences de Oyá.
Olorun, que tudo via, emocionou-se com o gesto de Oyá e deu-lhe o poder de ser guia dos mortos no caminho do Orun.
Transformou Odulecê em orixá e Oyá na mã dos espaços dos espíritos.
Desde então todo aquele que morre tem seu espírito levado ao Orun por Oyá.
Antes, porém, deve ser homenageado por seus entes queridos, numa festa com comidas, cantos e danças.
Nasceu o ritual funerário do axexê.

[ Lenda 182 do Livro Mitologia dos Orixás de Reginaldo Prandi ]

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